sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Indústria quer melhores mecanismos de proteção contra perda de competitividade

Em seminário promovido pela CNI e CGTB, empresários e trabalhadores chegam ao consenso de que os altos custos internos de produção fazem a indústria perder mercados interno e externo.

O seminário reuniu empresários, trabalhadores e representantes sindicais, que discutiram temas como câmbio, juros, investimentos, educação e emprego
A indústria brasileira precisa de melhores mecanismos de proteção enquanto não forem reduzidos os vários entraves à sua competitividade, que vão da alta carga tributária à deficiência da infraestrutura. A proposta partiu do presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes, e do gerente da Associação Brasileira  da Indústria Eletro Eletrônica (Abinee), Edgar da Silva, nos debates do seminário Fortalecimento da Indústria Brasileira e do Emprego, promovido nesta quinta (26), em Brasília, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).

Segundo Marco Polo, o custo da energia elétrica no Brasil para se produzir uma tonelada de aço é de US$ 80 o megawatt/hora, o dobro do custo nos Estados Unidos. A instalação de uma siderúrgica no Brasil exige US$ 1.880 por tonelada, investimento que é de US$ 1.000 na Índia e US$ 550 na China. "Precisamos proteger a indústria nacional enquanto estas assimetrias de competitividade não forem corrigidas", assinalou o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil. Edgar Silva informou, por sua vez, existirem no país mais de 20 regimes tributários especiais que facilitam as importações. De acordo com o gerente da Abinee, a redução do imposto de importação a 2% para equipamentos não produzidos no país – os chamados ex-tarifários – é usada muitas vezes na compra de fábricas prontas e não de máquinas isoladamente.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, que participou do segundo painel do seminário, sobre a baixa taxa de investimentos no país, informou que na década de 1980 o Brasil era o quinto produtor mundial de máquinas e hoje está em 15º lugar. Revelou que enquanto em 2004, de cada 100 máquinas vendidas no Brasil, 60 eram nacionais e 40 importadas. Hoje apenas 30 são fabricadas no país.

DESONERAÇÃO DO INVESTIMENTO – O presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo, defendeu como urgente a necessidade de se desonerar  os investimentos para que eles possam ser ampliados, gerando mais emprego e reaquecendo a economia. Segundo Figueiredo, investir no Brasil custa 25% mais caro do que na Ásia e 10% mais do que nos Estados Unidos.

"Precisamos eliminar essa diferença para atrair investimentos para cá”, completou, sublinhando que a Coreia chegou à potência industrial que é hoje usando largamente o protecionismo e manipulando o câmbio.

Para o presidente da CGTB,  Ubiraci Dantas de Oliveira, a indústria brasileira precisa ser fortalecida como forma de se manter os níveis de emprego. "Não podemos permitir que a indústria brasileira vá para o ralo, porque é uma indústria pujante e haverá perdas de emprego", enfatizou Ubiraci, que também participou dos  debates.

A diretora de Relações Institucionais da CNI, Monica Messenberg, salientou que as divergências entre empresários e trabalhadores nas relações de trabalho não são empecilho à união dos dois lados pela eliminação dos obstáculos à maior competitividade da indústria. "Devemos nos concentrar no que nos une, retirando os entraves para a prosperidade, enquanto equacionamos nossas poucas diferenças", declarou na abertura do seminário.

NOVO MODELO – No último painel do seminário Fortalecimento da Indústria Brasileira e do Emprego, sobre qualificação profissional, o diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, defendeu mudanças no modelo educacional, centralizado no ensino acadêmico de nível superior. Propôs maior ênfase na educação profissional, essencial, na sua visão, para fornecer mão de obra qualificada que permita à indústria brasileira ampliar a prática da inovação.

Lucchesi informou  que enquanto no Brasil apenas 7% dos estudantes  entre 15 e 19 anos estão inscritos na educação profissional, este percentual é de 53% na Alemanha e de 55% no Japão.

Por Luiz Roberto Marinho e Sirlei Pires
Fotos: Miguel Ângelo
Fonte: CNI

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